segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Entrevista: Grave

Fiéis às suas raízes e indiferentes a modas, os Grave têm vindo a construir uma carreira consistente dentro do género em que se movem e o seu novo longa-duração é mais uma prova dessa vitalidade. Com "Endless Procession of Souls" a dominar o tema de conversa, falámos com o simpático Ronnie Bergerståhl.

Os primeiros sete discos dos Grave foram editados pela Century Media. Em 2007, assinaram com a Regain Records e lançaram o “Dominion VIII” e o “Burial Ground”. Cinco anos depois, estão de regresso à Century Media. Por que razões abandonaram a editora na altura e o que vos fez regressar?
Queríamos experimentar algo novo, foi por isso que saímos da Century Media quando o contrato expirou. Entretanto, a Regain faliu e a Century Media estava interessada em voltar a assinar connosco. Como é uma editora que funciona muito bem e que lançou a maioria da nossa discografia, achámos que seria o melhor a fazer. E não há quaisquer arrependimentos relativamente a essa decisão!

Como correu o processo de composição para o novo álbum?
Eu e o Tobias iniciámos o processo ao ir para a sala de ensaios mais cedo. O Ola só se juntou a nós depois. Escrevemos a estrutura básica de três canções, “Amongst the Marble and the Dead”, “Passion of the Weak” e “Perimortem”. Depois disso, tudo começou a ganhar forma e escrevemos o álbum em três, quatro semanas. Fui eu e o Ola que escrevemos o "Burial Ground e o "Dominion VIII". No caso do "Burial Ground", escrevemo-lo a meias e ainda fui eu que gravei as partes do baixo, porque não houve interesse por parte do Fredik em tocar nesse álbum.

Tal como o seu antecessor, o “Endless Procession of Souls” foi produzido, gravado e misturado nos estúdios do Ola. No entanto, desta vez tudo soa mais limpo e poderoso. A que se deve esta mudança de som?
Tanto o “Burial Ground” como o “Dominion VIII” sofreram de uma produção demasiado lamacenta, algo que não era a nossa intenção quando os gravámos. Simplesmente saiu assim e tanto o Ola como eu detestámos. Desta vez, conseguimos um som de bateria limpo desde o primeiro dia e não tivemos que fazer grandes ajustes. Não usámos triggers, por isso o que ouves relativamente à bateria é o verdadeiro som do meu kit! As guitarras foram gravadas da mesma forma que no "Dominion VIII", ou seja, através de um Line 6 Digital Box. Para quê complicar quando podes fazer as coisas em casa e ainda conseguir com que elas soem extraordinárias?


Diria que este álbum é mais equilibrado e melódico que o "Burial Ground" e o "Dominion VIII". Concordas?
Completamente. Não foi uma escolha ou algo do género, simplesmente aconteceu. No entanto, acho que as ideias que o Tobias teve de certa forma estabeleceram a direção que tomámos. Ele tinha mais de 70 ideias! (risos) Por isso, escolher os riffs e as ideias para canções dessa quantidade não foi fácil e posso assegurar que ainda sobrou um montão de riffs porreiros para o próximo álbum! 

A "Epos" possui uma abordagem Death/Doom reminiscente de bandas como Celtic Frost ou Asphyx. Curiosamente, a edição em vinil do "Endless Procession of Souls" inclui uma versão de cada uma dessas bandas. São grandes influências para vocês? 
Para o Ola, sim. Para o som da banda quando começou, também. Para mim, não... (risos) Os Grave sempre tiveram uma abordagem mais melancólica, negra e Doom quando comparados aos nossos compatriotas Entombed, Dismember ou Unleashed, e isso provem da veneração do Ola pelos Celtic Frost. 

Consegues escolher um tema favorito do "Endless Procession of Souls" e dizer porquê? 
Consigo escolher três, um não. "Disembodied Steps", "Passion of the Weak" e "Plague of Nations". Estes temas são muito diferentes uns dos outros, mas são muito orelhudos, cheios de groove e energia... Em três formas diferentes! 

Como correu a última digressão? Planeiam tocar em Portugal em breve?
Correu muito bem, mas oito semanas seguidas a tocar este tipo de música deixam as suas mazelas no corpo. Quatro ou cinco semanas seria o ideal. Diria que a nossa pequena digressão como cabeças-de-cartaz na Europa (especialmente na Alemanha) foi espetacular. As bandas de suporte, Sonne Adam e Freund Hein, foram demolidoras em todas as noites. E, depois, andar em digressão com os poderosos Morbid Angel... Bem, foi um sonho tornado realidade para mim! Os nossos compatriotas Dark Funeral também se juntaram a nós. Um arraso! De momento, não temos mais nenhuma digressão planeada, mas eu adoraria tocar em Portugal outra vez. 

Os Grave já existem há muitos anos e o Ola é o único membro sobrevivente da formação original. Como lidam com as mudanças de formação? 
A formação atual é facilmente a mais forte desde que entrei para a banda em 2006 e sei que o Ola também pensa o mesmo! É óbvio que, por vezes, é difícil lidar com novos membros. Contudo, o Tobias, por exemplo, já era nosso amigo desde a Masters of Death Tour que fizemos em 2006 e o Mika encaixou tão bem na banda que foi uma coisa absurda. Somos todos amigos, saímos juntos no nosso tempo livre... E, pelo que vejo, não é algo tão comum quanto isso.


Desde o início que os Grave se têm mantido fiéis às suas raízes Death Metal sem seguir qualquer tipo de modas. Nunca sentem vontade de trazer novas influências para a banda? 
Há uma razão para os Grave ainda existirem e fazerem mais digressões do que nunca. Chama-se "consistência"! Se começássemos a experimentar, perderíamos a nossa identidade musical e aposto que os fãs também perderiam o interesse. Isso não é algo que queiramos colocar em risco. No entanto, se fores a um concerto de Grave hoje em dia e o comparares a, digamos, aos que dávamos há dois anos, por exemplo, vais assistir a um espetáculo mais enérgico e divertido, porque estamos mais "vivos" em palco. Sorrimos e brincamos ao bom estilo dos velhos anos 80. Acho que é tão aborrecido ver bandas especadas no mesmo lugar durante uma atuação inteira. Estão num palco, caramba! Mexam-se! 

O Death Metal sueco voltou a tornar-se muito popular nos últimos anos. O que pensas deste revivalismo? 
Tem sido bom para nós, mas não vejo razões para as bandas velhas se voltarem a reunir, gravar um álbum e depois não poderem ir em digressão ou fazer espetáculos e tal... Qual é o sentido de lançar um disco e não promovê-lo? A piada de tocar música é, na minha opinião, o tempo que passamos em palco a tocar para os nossos fãs. É isso que me faz continuar...

Entrevista feita em colaboração com a Infektion Magazine.

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